sábado, 26 de novembro de 2011

Não são simples palavras,


 
Fonte da imagem: http://weheartit.com/


 Elas são cortantes e muitas vezes não cicatrizam. Você não consegue desviar quando elas são jogadas aos moinhos que as trituram na sua mente. Trituram com um cuidado extremo, delicadamente, sílaba por sílaba, te enlouquecendo vagarosamente e acariciando cada pensamento seguido delas. Elas ecoam no abismo da sua alma e beliscam o seu coração. Elas doem. No silêncio elas ficam em negrito e sublinhadas na mente. Mas muitas vezes o pior são aquelas que saem de você, num súbito momento de impulsividade, porque essas queimam e apertam a sua alma e a de outro alguém. O sangue que escorre já não é mais só seu, a caneta dos seus lábios rabiscou a sua pele e não há borracha que apague essas pequenas letras unidas que você num ímpeto momento escreveu também em outro corpo. Você joga a palavra ‘desculpa’ como corretivo, mas muitas vezes essa já não tem mais o mesmo poder. Outras, você de forma desesperada para se livrar de agonias, tenta jogar palavras duras como dados na roleta da vida pra ver o resultado do jogo e no mix disso vira só mais um arrependimento de jogos de palavras. Mistura na sua alma a palavra ‘orgulho’ e finge esquecer o texto mau feito que escreveu num canto qualquer do papel do destino da sua vida.
Porém, tem algumas palavras que alguns suavemente jogam no mar da sua vida, outras vezes você também joga. Essas adocicam um pouco do mar tão salgado, causam uma calmaria e suavizam os cortes daquelas outras. Fazem seus lábios deixarem de ser caneta pra virarem sorriso.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tanto faz, tá no coração!


- Ele é um idiota. – Ela quase gritou.

- Mas isso você já sabia. – O amigo disse naturalmente.

E o tempo pareceu dar uma pausa pra ela pensar. Era só isso que ela sabia, né? Que ele era o idiota que ela amava. Mas porque ela amava mesmo? Quem era ele? Tudo que ela parecia conhecer eram pequenos borrões, reflexos da personalidade dele. E a história da vida dele? E as manias? Comidas preferidas? O que ele sonhava em ser quando era pequeno?
Nada. Ela o conhecia, sim. Conhecia o jeito dele abraçar ela, conhecia o jeito tímido que ele olhava pros olhos dela, conhecia muito bem aqueles olhos que a enlouqueciam e o jeito calmo que ele tocava seus ombros quando precisava ir embora.
E como fica o resto? Aquele resto que ela não sabia. Aquele resto que naquele momento pareciam ser a coisa mais importante pra ela. Aquele resto que era o resto do que eles não foram.

- É, isso eu sabia. Isso eu sei.  – A voz dela foi caindo. Enquanto, aqueles traços de interrogações só subiam e se desenhavam por entre a imagem tão nítida e certa dele que ainda permaneciam na sua cabeça.  E isso era certo, isso ela sabia, ele ainda tava lá dentro dela. Do coração dela.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Liberdade pra dentro da cabeça"

 Eu estou querendo jardins, mares e um pouco de terra. Quero desafios, estradas onde eu possa caminhar na contramão e correntezas que me joguem pra lá de onde a Lua encontra o Sol. E no caminho eu quero achar pessoas que me contem suas histórias, me dêem seus sorrisos, me mostrem suas fotos e digam o sentimento que cada uma delas representa. Vou me encontrar em vidas alheias, vou permitir me transformar mais um pouco com novas experiências e vou soltar a mão do medo.  Desejo ver um pouco além da redoma que a humanidade se prende, ver a vida de todos os ângulos, revirar gavetas do passado dos lugares por onde passar e desejo parar de vez em quando numa casinha só pra observar um pouco as estrelas. Na minha pequena maletinha estou levando o necessário e convites eu não faço, meus vôos são muito altos pra conseguirem me acompanhar. Se achar que tem habilidade, pode vir. Mas venha logo, tenho pressa. Continuar aterrizada já não é mais uma opção.
Estou indo buscar um pouco de ar, um pouco de som e muito de vida!





Deixa a autora  faniquitar um pouco
No meio do texto me veio à cabeça a frase de Richard Bach “Se desejas tanto a liberdade e a felicidade, não vês que ambas estão dentro de ti? Pensas que a tens e as terás. Age como se fossem tuas e serão.” E eu penso, isso tá dentro de nós, não precisamos ir “à caça”.
Porém, a frase de Miguel Cervantes também me chama a atenção “Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida.” E aí a gente pode levar pros dois lados, a “a liberdade física” de se aventurar por aí e a “liberdade interna” aquela que vem dentro de nós, se aventurando dentro do nosso próprio Eu. Mas uma coisa é certa: a liberdade não tem preço, a mera possibilidade de obtê-la já vale a pena (sábio Isaac Asimov), seja dentro ou fora de nós não vamos nos deixar aterrizar, combinado?!

                                                       Fonte da imagem : http://weheartit.com/

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Perdendo a direção


Peguei o carro pra dar uma volta, sem saber pra onde ia ou se seguia a direção certa. Apenas, peguei. Liguei o rádio na estação preferida e liguei o motor. No meio do caminho ouvi o som de uma música familiar, mas há tempos não ouvia e aquela estação não costumava tocar aquele tipo de som, me distrai de novo. Até que reconheci, ouvi aquele trecho que me fez parar o carro bruscamente numa rua qualquer.
 “Um minuto para o fim do mundo, toda sua vida em 60 segundos.”

 Só aquele trecho, o resto da letra não importava, era aquele que eu ouvi nitidamente. E um simples trecho me tocou, puxou meu coração pra fora do peito expondo ele no museu da vida, sugou a alma pra fora do corpo e os pensamentos jogou pro alto, pude senti-los bater no teto do carro e voar pela fresta da janela, sem rumo, bagunçados, soltos e confusos. No meio disso minha única reação foi desligar o som e apoiar a cabeça sobre o volante. Uni tudo que o trecho daquela melodia fez flutuar e lembrei. Lembrei daquele que não tava ali pra me segurar e cuidar de mim quando eu resolvi me jogar , lembrei daquela que eu achei que me daria colo quando eu deixasse de ser tão durona e lembrei daqueles outros que não estavam ali pra me fazerem rir. Toda minha vida em 60 segundos. No meio disso, escutei um leve barulhinho, era uma florzinha que caía sobre o pará-brisa, reparei que estava encostada debaixo de uma árvore que caíam flores amarelas sem parar. O asfalto e a calçada estavam cobertos com elas. Elas que tinham um amarelo tão vivo, tão pequeninas e delicadas eram atropeladas pelos carros que passavam e eram pisoteadas pelas pessoas que caminhavam pela calçada. Observei por um tempo a derrota delas que floresceram pra cair e serem esmagadas. Me identifiquei com as pequeninas frágeis flores. Uma menina que passava pegou uma delas, pelo menos uma delas vai ter mais uma chance, pensei. Voltei a cabeça pro volante, um choro varria as sujeiras do que restava a minha alma. Ouvi a voz da minha mãe ecoar “nunca imaginei te ver tão frágil assim...” e, na minha mente eu respondia “nem eu, mãe. Nem eu.” Voltei a lembrar da vida, lembrei daqueles, daquelas e daqueles outros. Lembrei das quedas, pisoteios, atropelamentos e eu caída nessa estrada sem fim sem nenhuma menina pra vir me salvar de ser esmagada mais uma vez. 


 Até que uma batida no vidro me assustou, era um homem que tentava chamar minha atenção:



- Tudo bem, moça? Tá precisando de alguma coisa?

- Huum...Tem uma poção de Cianureto, aí ? Estou com sede.

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fonte da imagem: http://weheartit.com/
Música: Um Minuto Para o Fim do Mundo - Composição: Wally e Rodrigo Koala


Nota da autora: Não é um texto autobiográfico, só pra deixar claro.


sábado, 12 de novembro de 2011

Ficou no tempo

- Você me abandonou.

- Não, não fui eu.

- Foi sim, você me deixou.

- Não, você que se foi pra longe... Nem sei onde se encontra.

- Eu nunca saí de perto de você e estou aqui agora!

- Não, esse que vive perto de mim e que eu vejo na minha frente agora não é aquele que eu “abandonei”, você não é o mesmo.

Enquanto ela falava, ele mantinha a expressão confusa em seu rosto. E ela continuou:

- Eu não sei mais quem é você, nem sei mais o que sinto por você. Sei que sinto saudades de vez em quando, mas não é dessa pessoa que falo agora e que vejo andando por aí. É de alguém que ficou no tempo da minha vida, alguém que ficou parado no relógio do meu destino, alguém que acho que nunca mais vou encontrar.

E ele não disse nada. Olhou pra ela, calado.

sábado, 5 de novembro de 2011

Como é bom saber de você

 Quando eu havia desistido você voltou. No dia mais estranho, num dia cheio de bagunças da minha vida, você retorna e organiza. E me deixa com o sorriso mais patético do mundo só por dizer que sua saudade era tão grande quanto a minha, me deixa feliz por saber que você continua com o mesmo espírito daquele menino que eu conheci.
E eu sorri, e eu chorei. Sorri por sentir você gritar a mesma saudade que já estava no topo da minha vida há três anos, chorei por me sentir responsável pela nossa separação mesmo sabendo que o destino que era o culpado. E minha vontade era pular dentro daquela tela de computador pra te abraçar até não ser mais possível eu sentir minha mente girar, queria poder olhar nos seus olhos pra você sentir minhas palavras mais sinceras e eu queria te olhar de pertinho só pra acreditar que não era mais uma trapaça da minha mente.
Mas o principal em tudo isso é que eu descobri que você tá bem. Obrigada destino, obrigada você por ter voltado pra me contar.

E eu finalizo esse texto com um grito ecoado via MSN:


QUANTA SAUDADE!


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Pra você entender melhor clica aqui 



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Se despindo da roupa de palhaça

 E lá estava ela em frente ao seu apartamento às 3 da manhã, gritando seu nome com vontade de gritar todas as agonias do amor por você mastigado repetidamente. Você desceu com o olhar paciente e com aqueles mesmos olhos caídos, olhou firme para ela sabendo o que vinha pela frente. Então, impaciente e desesperada, disse muito mais que cobras e lagartos pra você. Cuspiu com uma ácida saliva a enorme lagoa de sapos engolidos, mostrou a cabeça do leão que ela vinha tentando matar há meses e colocou na bandeja as linhas que ela utilizou para recosturar o coração depois de cada retalho mal feito por você. Sentado na beira da calçada, com o mesmo olhar e só olhando a cena, abaixou a cabeça como sinal de culpado e covarde. A rua parecia ecoar todas as agonias, faniquitos e dores representados em forma humana por ela. A luz que vinha do 5º andar refletia em cima dela, e isso já parecia ter se transformado em um espetáculo, da louca ela mudou para a mais nova palhaça do picadeiro vaiada pela platéia que vinha das moradias vizinhas. Mas o show tinha que continuar até que você abrisse sua boca pra admitir todo seu erro, toda sua covardia, toda sua falta de consideração por ela. Não, nenhuma palavra, só saiam de você olhares de desculpa. E ela que achava que você seria capaz de lhe dar um pouco mais além daqueles olhares, jogou a cabeça pra trás em sinal de desistência e depois de muito tempo te engolindo, ela te mastigou e cuspiu. Ela  que deixava sempre uma fresta da porta aberta pra você chegar quando quisesse, se despiu da roupa de palhaça e preferiu voltar a ser a louca impulsiva e independente, enquanto você só se tornou mais um covarde imaturo na lista do "não atender" do celular dela.
 E olha ela lá, a louca seguindo em frente e feliz. E olha você aí, buscando felicidade em garrafas de bar.






terça-feira, 1 de novembro de 2011

Espelho, espelho...EU!

Sentimento de completude, entendem? Você se sente bem sem precisar de mais ninguém, completa, você se basta e tudo de bom que há em sua vida é o que importa. Acordei essa manhã assim, apesar de todos os problemas e lembranças d’um passado que, mesmo tentando viver só o presente, ainda atormenta. E mesmo com os refúgios que ainda busco dentro de mim me senti bem, inteira. Todos os problemas continuavam aqui, mas estavam mais calmos dentro da minha alma, esses meus quilinhos no mundo não pareciam mais pesar tanto nos meus ombros e eu me senti mais iluminada.
Fiquei em frente ao espelho e não vi cacos de mim refletido nele e, muito menos, um sorriso semelhante a um quebra-cabeça incompleto. Vi nele a pintura da minha vida, a arte mais bem feita desses meus caminhos. As cores vibrantes que enxerguei ofuscaram o que foi tingido em preto e branco. Quanto tempo, hein mocinha? Faça-me o favor de não sumir mais! – Senti o espelho dizer. Sorri envergonhada e feliz. É, eu voltei, e se depender de mim...Agora é pra sempre! – Eu disse pra ele, quase prometendo.