quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Poeminha de uma quase vida

Nesse meu grito respirado se solta e se prende toda a dor.
Nesse suspiro sorriso se tranca toda ferida.
Nesse olhar claro se escurece todo o dia.
Nesse coração sangrento se seca a chuva ácida.
Nessas mãos eu guardo os leões matados a unha.
Nessas pernas eu seguro os guerreiros que me mantêm em sustentação.
Nessa vida se conserva o que de vida não há.



fonte da imagem: http://www.weheartit.com/

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Melancolia


 Eu tenho essa tendência a escrituras melancólicas. Eu busco aquela ponta da dor, eu acho com intensidade as cólicas da vida. E elas aparecem quase todo mês.

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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

As cambalhotas e o castelo


 E de repente eu não estou podendo com essas cambalhotas que a vida tá curtindo brincar. Como uma criança com medo do giro, eu quero gritar e me jogar pra longe da rota das brincadeiras. Entrando num colapso de sentimentos, numa maré violenta de sensações. A minha torre tá perdendo a tintura e quase furando com as ondas poderosas que lavam o cercado do castelo. Pedi pros soldadinhos montarem um refúgio, enquanto ainda dava tempo, mas eles foram pegos pelas tranças rápidas de alguém lá em cima. Fiquei com alguns ao meu lado, mas preferi me esconder antes que eles vissem o meu quarto em ruínas. Dei minha própria cambalhota pra fora do castelo e sorri pra população não perceber a cidade se desmanchar. 

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domingo, 25 de dezembro de 2011

O que eu tô fazendo aqui embaixo?

"E, curiosamente, eu tenho a interrupta sensação de que o todo-poderoso adora brincar comigo. Na verdade, acho que ele faz isso com todo mundo. Não tem outra explicação pra tanta reviravolta num caminho. E a idéia de que ele sabe bem o que faz tem sido meio duvidosa por aqui. Ontem eu implorei pra Ele ajeitar a minha vida, e hoje Ele já começa a aprontar comigo. "OOO, psiu, se existe algum Deus aí em cima, será que Você poderia por favor perceber que eu tô tentando ser feliz por aqui?" E Ele ficou em silêncio. Ás vezes eu até esqueço o que eu tô fazendo aqui embaixo, e pelo visto, Ele também não lembra."

Maria Paula Fraga

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Guardando os pulsos


Um suspiro que fere a alma. Um líquido que escorre por entre os claros olhos, ofuscando-os. A respiração que corta delicadamente, como se cortasse o bolo de aniversário, o coração. O cérebro que maneja as lembranças do passado mais escondido para algum lugar no pensamento que deixe tudo em destaque, grifado. A alma ferida e carregando tijolos que não deviam estar ali se quebra, perde a luminosidade. O corpo que perde todo sossego, suplica por um descanso.  
E a menina respira mais um pouco. Por mais um dia, mais uma noite ou pelo menos mais um segundo. Fingindo uma coragem inexistente, fingindo uma força interior que nunca teve, fingindo a vida.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

E um próspero ano novo


 O Universo vai colocar mais um tempo pra terra contornar todo o poderoso sol.
E serão pessoas desejando que a vida se renove, que tenha mais vida.
Serão milhões de pessoas pedindo aos deuses um tempo longe de tudo aquilo que impede o sorriso de se projetar em seus rostos.
Serão rezas. Será momento de fé. Será momento de esperança. Serão vários desejos. Serão pulos em sete ondas e lentilhas mastigadas.
Alguns pedirão que o tempo que vem nascendo seja melhor que o último que vai morrendo e se tornando lembrança, outros pedirão que esse tempo supere e seja tão luminoso como esse que vai apagando o brilho pra colocar o holofote sobre esse outro.
A meia noite bate e o tempo vira, vidas são lembradas, abraços são dados, o amor transborda em nossa mente e em nosso corpo. Nós vamos agradecendo, fazendo simpatias ou simplesmente buscando alguma crença. Uma evolução da nossa vida, da nossa alma. É espírito de renovação com o toque do antigo que permanece em nós, pedindo pra entrar. 
Então, se aprochegue em nossas esperanças novo ano que pede pra nascer!

Feliz ano novo 


fonte da imgem: http://weheartit.com/
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E como já era de se imaginar, eu vou agradecer. Obrigada pelas amizades mais que especiais que eu fiz esse ano. Obrigada aos beijos, aos abraços, as palavras, aos amores, aos sorrisos. Obrigada também a dor, que me acompanhou menos nesses meses. Mas, principalmente, obrigada as risadas, os risos mais sinceros, os momentos inesquecíveis, as almas que marcaram (e estão marcando) a minha vida da forma mais linda possível. Obrigada a um dos melhores anos da minha vida!!!
Que o próximo consiga superar ainda mais esse. E bora aproveitar os dias que faltam pra acabar esse ano \o/ 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Aproveite a sua laranja


 Não me julgue, que eu saiba quem responde pelos meus atos ainda sou eu, quem vai ter a cabeça na bandeja das regras sociais superiores sou eu. Me poupem de observar línguas se movendo sem parar. Línguas que salivam como a minha, que saboreiam coisas como a minha. Então, por que insiste em falar ? Meu erro não está aqui pra ser água que mata a sede da sua boca que se move. Se meu impulso aos seus olhos nebulosos foi imperfeito ou se minha atitude lhe pareceu invertida, não venha entornar em mim ou em órgãos alheios que captam seu som com falhas acústicas. Se sua boca ainda tem sede de buscar meus atos que não condizem com suas regras, primeiro mate sua sede chupando bem a laranja que te pertence e observe o bagaço podre que ela vai se tornando. 


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O título teve colaboração de um amigo. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Grifei Carpinejar

 "Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem. Não posso amaldiçoar sua covardia. Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar. Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir. Você foi covarde. Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo. Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora porque não me favorece. Porque não fui escolhido. Não aquecerei seu prato para servi-la. Não a ajudarei no parto. Não partirei. Serei aquele que deveria ter sido, enterrado sem morrer, o que desapareceu permanecendo perto. Sou seu constrangimento mais alegre. Sua ferida, seu feriado. Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala. Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto. De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento. Você foi covarde, ninguém iria compreendê-la. Hoje todos a compreendem, menos você mesma. Você não se compreende depois disso. O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano. Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor. Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia. Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educada com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo a entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir. Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás. Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber. Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas. Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade. O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas. Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida. O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim."

Por Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eu sinalizo: Adiante!

 E mesmo quando o passado ainda ventava imagens nítidas na minha mente, sussurando pra dar passos pra trás, eu permaneci em frente, recolhendo minhas pedras. Porque eu não podia me esquecer que o que brilhou não era sol, era lâmpada que eu olhava como a mais ofuscante estrela. Por mais neblina que eu visse na estrada eu tinha que continuar, em frente, seguindo os bons. As placas não sinalizam nada, mas também não vejo faróis vermelhos pra me impedirem a ir avante. As curvas me deixam tonta e o passado me entorpece, mas, olha, no meio da neblina sinto uma brisa, ela é leve e me puxa. Ela dança por entre meu corpo, quase que me sinto flutuar. Em frente, recolhendo pétalas macias e leves, eu vou. Pedras, atirarei vocês no próximo lago da estrada. Preciso de leveza, o caminho é longo! Tchau, vou cambaleando, mas vou. Que delícia ir adiante, meu Deus!


fonte da imagem:  https://www.tumblr.com/