quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cuidado ao Embarcar



“Não posso ser bagagem de ninguém” – Verônica H. 


Fonte da imagem: http://migre.me/cyy27

Sou bagagem cheia, feita na última hora, desorganizada, com tudo guardado e espremido, difícil de achar onde abre.  E eu não quero que ninguém me carregue, até porque eu não tenho alça, sou complicada para ser levada. Falta rodinha também.  É difícil me levar, o peso é grande, tem que ter força... E nem eu tô me aguentando mais. Não quero um dia me ver sendo arrastada por aí e nem largada no meio do caminho. Odeio gente que me coloca no colo e depois me abandona num trem qualquer. Se for para carregar, não me abandona quando a mala começar a rasgar e as coisas começarem a cair. 

O meu percurso não é fácil e eu odeio despedidas. 

E no final, sou dessas malas que nasceram para viver extraviadas mesmo. 


sábado, 22 de dezembro de 2012

Café

Fonte da imagem: http://migre.me/cuEim

Você tem cheiro de café entrando pela porta do quarto, de mansinho, pela manhã. Forte, intenso.

Parece que invade tudo, cada canto da casa – de mim – e inebria a todos – a mim.

Você me faz ir atrás de você, desse seu cheiro de café.  

Tem o conforto e a preguiça da manhã, a esperança de um novo dia e que hoje pode ser melhor. E também essa vontade de ficar pra sempre na cama, em cima dos lençóis, debaixo das cobertas.  

Você é essa coisa que acorda comigo todo dia e me lembra que eu preciso levantar e viver, cair na rotina, ver o sol. Nem parece tão ruim.

E olha que eu nem gosto de café, toda vez que eu bebo faço careta. Mas quando eu te bebo, eu sorrio. Vai entender. 


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sobre os cortes que não cicatrizam


(sóumpequenodesabafonadademais)
Há alguns anos atrás eu me cortei sem querer, eu via o sangue sair e sentia dor. Chorei, chamei minha mãe e minha irmã veio junto.

Minha irmã puxou minha orelha nesse momento, literalmente. Gritei e olhei espantada pra ela, pedindo pra parar, mas ela me deu uma explicação por estar fazendo aquilo... E em resumo o que eu entendi foi: Se distrai uma dor, com outra dor.

Realmente, aquilo me distraiu da dor, do corte e do sangue – apesar de ter a achado uma louca-insensível naquele momento.

E agora é exatamente isso que eu estou fazendo: Focando em outra dor banal, como o puxão de orelha. Pra tentar distrair a dor que ainda não cessou, os cortes profundos e que não param de sangrar. Mas mesmo assim ainda dói. E por mais que eu coloque gazes, por mais que eu tente estancar, por mais que eu faça pontos, eles sempre estouram e os cortes vivem abrindo e o sangue continua pingando... Por todo o meu chão. 


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Esquizofrenia


Os olhos vão de um lado para o outro, compassados, desesperados.  Procuram os monstros escondidos na sombra, até mesmo na luz. Não se fecham, arregalam, vermelhos, choram e as lágrimas transparentes se confundem com o suor que escorre frio pelo rosto. O suor do calor seco que invade a respiração afobada, desgastante, quase acabada.
O rapaz sai correndo, fugindo das vozes, encarando os rostos na rua, empurrando pessoas. Ouve risadas, zombaria. O ouvido apita, ele grita. Pede silêncio – shh -, mas não há barulho em volta. Ele está desgovernado, em desalinho. Surtou. Pisa no chão parece que afunda. Corre sem rumo, pesado, como se corresse no mar. Mergulhou nas sombras, nos fantasmas, nos pensamentos descoordenados.  Delira.
Há falhas, falta algo que ele não sabe. Bate na cabeça pra ver se volta a funcionar, aperta os olhos para deixar de ver aqueles seres, tapa os ouvidos pra não ouvir o que eles dizem. 
Se esconde no quarto, por baixo e em cima da cama. Mas estão por todos os lados, estão o dominando. Está tudo dentro dele. 

Fonte da imagem: http://migre.me/b51a3

domingo, 7 de outubro de 2012

Meu arco-íris


Deitei de noite na cama, teu braço me puxou pra grudar seu abdômen na minha lombar, teu nariz encostado na minha nuca, eu sentia sua respiração reavivar o arrepio do meu corpo, o silêncio do mundo. Na sexta-feira eu bebi amor.

De manhã virei de lado e passei a mão no teu rosto, pra tirar a franja de cima dos teus cílios. As cobertas desarrumadas, você quase atravessado na cama, abriu os olhos verde floresta e sorriu de lado pra mim. No sábado de manhã, me levantei e fui feliz.

Na manhã de domingo tinha cheiro de café, à tarde tinha seu perfume Chanel por todo o sofá. Você sentado nele, eu mergulhada em você. Você cobrindo meu domingo de poemas, eu lendo você. No domingo eu vi o mundo colorido, e descansei.

E na segunda-feira eu acordei, de madrugada, despertada pela lembrança. Na segunda eu me lembrei da sua passagem de arco-íris por aqui. Foi bonito. 

Fonte da imagem: http://migre.me/b1HGg

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Passarinho morto


Eu o intrigo. Intrigo porque sei viver sem ele, porque não espero ligação no dia seguinte. Não choro, nem quero café-da-manhã. Janto à luz de velas com os meus fantasmas e não espero que alguém venha me salvar. Ele não entende a independência que corre em mim, porque ele sempre foi acostumado a ter gente que corria por ele, atrás dele. Mas eu não. Eu o ameaço. Ameaço porque sei de cor poemas de Fernando Pessoa, mas também tenho aprendido a saborear e me deliciar com Anaïs Nin. Entendo “Ensaio sobre a cegueira” e sei o sentimento que o autor queria passar. Gosto de analisar poesias, mas ainda não entendi como se ama um passarinho morto. Ele não quer saber de nada disso, só fica tranquilo quando eu leio um romance light, acha que eu vou ficar vulnerável e finalmente me apaixonar por ele, não imagina que eu estou justamente aprendendo a como não ser romântica, a não seguir os passos das personagens e me embasbacar por qualquer cara como ele. Ele gosta do desafio que eu sou. Ele quer vencer os obstáculos, mas ainda não passou nos primeiros testes.
Se bem que eu acho que o vi com um Manuel Bandeira na mão esses dias, talvez ele seja capaz de me dizer como se ama um passarinho morto...

*"Como se ama um passarinho morto" faz referência ao poema Boda Espiritual do Manuel Bandeira.

domingo, 16 de setembro de 2012

Em nome de Deus


Decora versos, espalha palavras bíblicas, declara amor e devoção a Ele. Santifica-se. Coloca asas de anjo, mas sua aura é negra. Finge ter água benta na boca para poder dizer venenos, enquanto bebe vaidade.

No sétimo dia da semana abre-se a igreja, o templo ou o reino de Deus e você entra com sua melhor vestimenta para agradar os anjos, mas eles lamentam. Então ore, ponha os joelhos no chão ou erga as mãos. Peça perdão e não se esqueça de decorar o discurso, senão você pode se contradizer. Porque só o teu discurso tem te salvado na sociedade, tuas atitudes já perderam a direção, está condenada.

Tem uma dívida enorme, reza a noite para quitá-la, mas de dia volta a aumentá-la. E facilmente em nome de Deus justifica os pecados, chora a Maria Madalena arrependida.
Mas é fácil colocar o nome Dele na boca e por trás cuspir, não é?

Colocando Deus na frente e o diabo nas costas. Você é desse tipo de gente que tem a risada maligna que poucos conseguem ouvir. Você é desse tipo que sai pregando por aí, mas guarda pregos sujos de sangue no bolso. E ainda finge que é em nome de Deus, as palavras Dele que você usa para disfarçar a sua ruindade. 

Fonte da imagem: http://migre.me/aJqMW

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma canção que faça dormir


Não dá vontade de aumentar o volume no rádio do carro e sua música preferida não te atravessa e nem anima. Você canta, mas dói, se desenha um laço torto na garganta amarrando o choro. Os males não se espantam.

E no celular a música avisa que é o seu amor, mas isso também já é indiferente. Nada mais importa, nada alegra, nada te faz cantarolar. Nada, nem ninguém.

Só se sente vontade de ouvir uma canção de ninar, pra você conseguir dormir essa noite. E na próxima também, pra sempre. 

Fonte da imagem: http://migre.me/aH1Rq

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Apegados aos efêmeros paraísos


A gente deveria saber ir embora quando ainda é bonito. Quando ainda somos só sorrisos. Deixar na memória só aquilo que ilumina, não deixar apagar. Não deixar chorar.
A gente deveria dizer adeus aos nossos efêmeros paraísos, porque uma hora o sol sempre se vai. E nós ficamos, lambendo gotas da chuva, a espera dele voltar, insistindo.
Deveríamos saber abandonar, sem esquecer nenhum pertence, pra não ter motivo pra voltar. Mas ficamos, com tudo, inteiros, só pra ver como vai ficar.
Ainda não aprendemos a como abandonar paraísos. Não percebemos que eles talvez sejam só miragens.

Fonte da imagem: http://migre.me/aEsgH

terça-feira, 28 de agosto de 2012

E já é fim de mês de novo


fonte da imagem: http://migre.me/atDuX

 "Mil milhas até um paraíso qualquer, mas eu não me viro em pressas nem insônias, já não me viro em nada porque sou uma mistura do que quero e do que preciso. Mil mundos me guiaram até aqui, e eu só conheço os cantos do meu apartamento. Pediria perdão aos Astros, mas ainda estou agradecendo a Deus, e acompanhada de Iãsan procurei respostas nos búzios. Tem o tarot também, mas eu congelei meu misticismo e não passo mais nenhuma madrugada em casa porque a vida passa longe desses planetas e já é fim de mês de novo. E de novo. E mais uma vez. Mil coisas me empurram pra loucura. Mas o tempo continua. E eu virei mais uma máquina." (Maria Paula Fraga)



 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Refúgio (In)Certo

Fonte da imagem:  http://migre.me/anUcX 

Era o meu refúgio. Ponto de paz. Descanso. Recanto.

Com ele eu sentia algo meio raro, eu me sentia. Eu tinha a mim mesma ao lado dele, como se só ali eu me reencontrasse. Como se ali qualquer fragilidade minha de menina ficasse menos boba. Com ele eu podia deixar minhas armas na estante, eu podia me despir da armadura que uso dia a dia. É que parecia que eu ficava blindada toda vez que deitava ao lado dele pra chorar um pouco das minhas mil bobagens. Engraçado que mesmo quando ele ria, parecia mesmo que se importava.

Acho que agora ele não se importa mais. Tudo bem, eu não ligo. Mentira. Eu estou mantendo essa pose, mas juro jurandinho que ultimamente essa é a minha fragilidade mais boba que queria contar pra ele. Dizer que queria de volta a intimidade que nós perdemos e dizer que eu ando precisando de paz. Será que dá pra voltar a ser meu ponto/harmonia/aliança/porto?

E me diz que foi sincero. Pelo menos por um domingo ensolarado tem que ter sido tudo do coração, por favor. Tem que ter havido amor, aliança, pelo menos enquanto você enxugava minhas lágrimas com a ponta da blusa.

Houve um ponto entre a sua preocupação se eu tinha chegado bem em casa e o seu a-gente-vai-se-falando que teve amizade, eu sei. Mas algo se quebrou, eu sei também. Só não sei qual foi a peça que quebrou pra eu tentar mandar pro conserto. E você não diz, e minha pergunta sempre é interrompida. E eu cansei, meu amigo. 

Eu vesti minha armadura de novo. Acho que ela tá começando a grudar no meu corpo.

Pode ir, eu quero que você vá. Você está começando a tirar a pouca paz que me resta. Seria de bom grado e consideração que dissesse adeus antes, mas pode levar a sua ingratidão bem guardada. Também estou levando a minha.

E como você diz que eu digo, – Tudo vai dar certo sim.
Com ou sem você, vou achar o meu descanso, meu refúgio. Nem que seja só em mim.



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

1, 2, 3, 4 e... Respira.


Está na hora de aprender a respirar, soltar o ar preso nesses pulmões que tem oprimido a vida. Está na hora de parar de se sufocar, de deixar sapos, rãs, leões e palavras ruins e boas saírem e liberarem essa garganta.

E você tem que falar mais devagar, soltando o ar pausadamente, sem te atropelar tanto. Porque você está saindo muito machucada(o). Respira, fala, diz onde dói.

Vai, sente o alívio. Você tem que aprender a respirar.

Eu sei que o ar tá pesado, mas olha, depois do tempo seco sempre vem uma chuva pra refrescar. Você não é o Sertão. Então vai, respira pra vida.

Fonte da imagem: http://migre.me/amR61

sábado, 11 de agosto de 2012

Nota -


Fonte da imagem:  http://migre.me/aeXyg

O nome dele sai com um gosto amargo, quase azedo da minha boca. Sai e os músculos se enrijecem, talvez raiva, ou talvez seja só como quando os músculos se contraem e a gente se inclina pra frente antes de vomitar.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

À procura


Oi, sei que já faz um tempo, mas desculpa se eu te perdi. É que eu sou meio desastrada mesmo, distraída, bagunçada. Eu nem faço ideia de onde te perdi, em que parte da casa ou em que rua você caiu do meu colo, dos meus dedos... 
Não tá fácil, eu estou esbarrando em tudo, me machucando, ralando joelho, ralando a cara e você por aí.  Não tá fácil, eu já nem sei mais em que mês estamos desde que te perdi, minha cabeça foi perdida junto e você por aí. Não tá fácil, a bagunça me engolindo e você por aí. E você por aí, esquecendo o aqui.
Desculpa, mas será que se eu te encontrar ainda vou te achar do mesmo jeitinho? Posso procurar? Eu juro que tô me organizando mais, até anotando na agenda. Se eu te achar te cuido melhor, se eu te achar te amo melhor, se eu te achar eu respiro melhor no meio de toda a minha bagunça. Tá faltando ar sem você nessa casa.
Você bem que podia ter dado uma de João e colocado migalhas de pão pra eu poder te encontrar facilmente de novo, né?

fonte da imagem:  http://migre.me/a9uZB



segunda-feira, 23 de julho de 2012

Então a gente ri...


Ele beija a ponta do meu nariz, contorna meu rosto com os dedos e toca meus lábios com aquele jeito de você-me-ganhou-garota-sou-todinho-seu.  Acordo do lado dele com resquícios de maquiagem, bem estilo panda com o rímel da noite passada, e ele repete baixinho: - linda, tão linda... - Minha cara é aquela típica que ele vive falando, aquela que é como se eu dissesse “ata, vou fingir que acredito em você.”.  Os olhos dele me olham e brilham.

- Como eu vim parar aqui com você? Quando foi que isso aconteceu?

- Sei lá, acho que a gente bebeu muito a noite passada... Qual é o seu nome mesmo? –Brinco, olhando séria pra ele. Então a gente ri, ri porque nossas risadas combinam, ri dessa coisa patética que inunda o coração, ri desse sentimento que deita e rola na cama junto com a gente. A gente ri do bobo do amor.

Fonte da imagem: http://migre.me/a0mdt

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Tudo bem, eu te amo. A gente pode pedir uma pizza.


Sento em cima da bancada da cozinha e o observo fazer o almoço, esse é um dos poucos momentos em que vejo esse cara desastrado ficar mesmo concentrado. Assobiando e jogando sorrisos pra mim, eu só o olho com cara de sapeca desejando ele e ao mesmo tempo duvidando que nada sairá errado com a comida. Parece que ele também está feliz por estarmos ali. O apartamento dele parece estar mais escuro hoje, mas os castanhos olhos dele estão mais iluminados. Parece mesmo que, dessa vez, nada sairá errado. Nem com a comida, nem com a gente. Porque eu posso me ver junto desse homem, juntando histórias, trapos e retratos com ele. Ele me desperta sentimentos terrivelmente inocentes, tipo o amor. Ele me envolve num romance e eu sinto que não morrerei no final e que o nosso para sempre pode acabar, mas depois a gente recomeça de novo.  Não faço declarações para ele, mas ambos sabemos que todas as declarações estão entre a gente.  

E da forma mais livre que nós podemos ser, nós nos prendemos, um no outro, sem querer sair. É estranho, mas é real. E parece que não vai se dissipar como a fumaça que sai da panela onde ele está preparando a comida. 

Cantando Everything – e imitando da pior e mais fofa forma o Michael Bublé – ele se aproxima e eu me sinto dançar quando ele começa a cantar ao pé do meu ouvido.  Me envolvo com o cheiro dele e com o cheiro que sai da panela, mas o dele com certeza é o melhor.  Ele tem cheiro de inverno acolhedor. Me acolhendo. Me aquecendo. 

- Você vai deixar a comida queimar – Digo sorrindo e mordendo o lábio. Ele faz que não com a cabeça e me beija. E Então, o mundo é inteirinho nosso e eu mergulho em amor. Mergulho numa formidável alma, a alma dele. O sabor dele é de doce sem frescuras, aqueles doces simples que a gente nunca deixa de gostar. Ele tem sabor de brigadeiro, eu acho.       
  
- A comida tá queimando – exclamei, me soltando dele após notar o cheiro de queimado, ainda meio abobada depois de ficar por vários minutos envolvida naqueles braços. 

- Tudo bem, eu te amo. A gente pode pedir uma pizza. – Diz ele, colocando na frase três palavras envolventes e declaradoras. Sem saber se sorrio ou finjo não notar o que ele disse eu continuo olhando pros olhos dele, depois pra boca e assim sucessivamente, buscando simples palavras. Daqui a pouco a casa pode pegar fogo e ainda não nos soltamos. 

- É, acho que a gente pode pedir uma pizza. Eu também te amo. – Esquecemos que a maioria das pizzarias não entregam na hora do almoço. Tudo bem, a gente se ama. 

fonte da imagem: http://weheartit.com/

domingo, 8 de julho de 2012

A mentira que mata, a verdade que ressuscita


Alguns morrem em busca da verdade, outros pelas mentiras que criam.” (Frase dita por um personagem da novela ‘Amor Eterno Amor’)

Pernas curtas, nariz avantajado. Que modelo mais horrível essa que desfila por entre bocas vaidosas que tentam se esconder. A modelo que também é atriz, nas horas vagas é serial killer. A forma como ela mata é ardilosa, rasga entranhas, coração e aniquila uma confiança. Mas a coitadinha é só um fantoche na mente e boca de seres de carne e osso, ela é só a definição das palavras que se unem para criá-la. É a Mentira, aquela que define o falso, o inverso, a estrela da passarela de quem dirige a nova criação de uma história.
Tem gente que a dirige muito bem, parecendo quase um dom ou uma inocência. Utilizam artifícios, efeitos especiais e maquiagem pra esconder. E matam em série, nem aí para as vítimas que se formam no caminho. Mas uma hora a mentira/o diretor é pega(o) e ninguém fica para velar esse tipo de corpo.   
É, tem pessoas que morrem pelas mentiras que criam. Porque criam da mesma forma que respiram, da mesma forma que dormem. E fecham os olhos sem peso, não pesa o lado da cama, nem da consciência. Sono tranquilo, como se as mentiras fossem de criança. Mas elas morrem de uma forma ou de outra. Morrem nos corações que um dia acreditaram nas palavras, morrem junto com a confiança, morrem nas leis do pecado, lei divina ou universal.... No que vocês acreditarem. E essas pessoas acabam matando a própria alma também.
Então, que doa, que sintam machucar mesmo, mas optem  por ouvir e buscar a verdade, a sua e a alheia. Vista toda ela e, se necessário, morram por elas. Porque ela pode ferir, mas ela também estende a mão. Te mata, mas te salva. Te ressuscita.

domingo, 1 de julho de 2012

O meu segredo


Você é meu jogo e dessa vez é a rainha que manda nesse xadrez. Não me conte muito da sua vida, não quero que saiba muito da minha também. Nada de perguntas, só enigmas. Quero me perturbar no teu mistério mais profundo, no teu veneno mais ardente, porque eu não ando muito doce e hoje, aqui com você, prefiro que algo borbulhe, invés de ficar doce demais e acabar me enojando. Então, pega uma bebida bem forte e meus cigarros que deixei em cima do criado-mudo, e se reclamar da fumaça pode segurar a maçaneta da porta e nunca mais sonhar em ver meus olhos; os olhos que tenta tanto analisar.
Você reclama que eu te derrubo das nuvens pro chão em segundos, eu digo que o chão é o lugar mais seguro. E continua reclamando que queria fazer parte da minha vida e não de meros momentos, faço sinal pra você não falar mais porque todo esse barulho tá me deixando de ressaca.
Te reviro, te perturbo e me pergunto como ainda consegue ficar aqui, passando a mão nos meus cabelos e beijando meu pescoço.
Moço dos olhos claros, cabelos dourados e mãos firmes; não me olha assim pedindo pra ser revelado. Esse sentido oculto que rola no chão junto com a gente é o que faz toda a diferença, então deixa assim.
Não conte a ninguém, mas te escondo porque a poesia em segredo é muito mais bela. Não quero te dividir com ninguém e sem o meu segredo, a vida é um marasmo só.

fonte da imagem: http://weheartit.com/ 

“- Eu não serei o seu segredo.
- Eu sei guardar segredos muito bem.”
(autor desconhecido)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sobre herança e princípios


Do nosso berço vêm as nossas marcas.  É da herança dada pela nossa família que nos construímos.  É nossa herança social, nossa herança como indivíduo. A nossa aprendizagem resulta nas nossas atitudes, nos nossos atos e no nosso caráter.

Princípio é definido também como origem, de conhecimento ou de ação. São nossos princípios que nos definem, que dão as características decisivas para mostrar quem somos e o que aprendemos; nossa riqueza ou pobreza. 

Pobreza de espírito, essa ralé de gente baixa, desonesta, desleal que não preza as pessoas que amam. Pessoas pérfidas. 

Riqueza, muito além do que temos no banco, é aquilo que não cabe no bolso. Carregamos na cara, na alma, na vida. Essa riqueza de ser realmente um ser humano. Que enxerga as pessoas, se enxerga. E mesmo quando não enxerga, tem o coração rico para guiá-lo. 

Segurem seus princípios e mostrem se tem caráter, tuas ações demonstrarão quem você é. De onde vieram. Veremos se no berço foi embalado com uma bela canção de ninar ou com barulhos desafinados, sem melodia alguma. Sua composição tem a harmonia de um conjunto; apoio musical, sua voz demonstra o ritmo que lhe foi dado. 

E eu agradeço pela herança que me foi dada, com o mais puro valor. Agradeço por ser de uma família de caráter, ter sido bem orquestrada; orientada na vida.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Bem me quer... Te quero bem.


Uma flor e uma pétala solta. Era isto que continha na caixa enfeitada que o moço entregou para aquela moça de olhos cansados.

- Ela está incompleta, uma pétala está solta aqui. – Ela observou tristonha, esperando uma flor inteira.

- Eu sei.  – Deu de ombros com um sorriso tímido. 

Ela colocou a única pétala que faltava na flor na palma da mão e foi em direção ao lixo. 

- Não, não joga fora! – Ele ficou aflito.
- Por quê? 

- “Bem me quer, mal me quer”... Ela foi o “bem me quer”, eu não quis continuar a despedaçá-la e a trouxe pra você nunca esquecer que eu te quero bem.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aquilo que cala, também assusta.


Alguma coisa mudou. Tem cantinho de silêncio nas nossas conversas. O que antes fluía tão bem, hoje pesa. E eu já não te entendo mais, parece que quanto mais eu luto pra entender, mais nocauteada e machucada saio. Esse silêncio gritando firme, agudo e baixo em cada uma das minhas entranhas. Testando a sua falta em mim, testando a dor que isso causa. Mesmo na sua fala ainda ouço um silêncio rouco, indagador.

Cantinho de silêncio. Ecoando. Escoando.

Tenho medo da enchente, cheia de ruídos, que será quando o seu silêncio resolver ser tempestade.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O reflexo

Um grito estridente e abafado saiu da boca da menina, pelo reflexo do espelho notou que havia uma pessoa diferente ali. Saiu depressa e assustada do quarto.
- Vem, mãe, corre! – Puxou a mãe pelo braço e as trancou no banheiro.   

 - O que houve?! – a mãe não entendia o tamanho do desespero da menina.

- Alguém entrou aqui em casa! A gente tem que chamar a polícia! – explicou afobada e tremendo.

- Você tá doida, menina. Não tem como ninguém entrar aqui. – destrancou a porta e saiu calmamente.

A menina tentou impedir, mas a mãe foi verificar.

- Cê deve ter tido um pesadelo, não tem ninguém aqui. – viu que estava tudo em ordem e saiu do quarto pensando nas tarefas da casa que precisavam ser finalizadas.

Ainda assustada, a menina voltou até o quarto e observou de canto de olho que ainda havia um reflexo diferente ali. Chamou a polícia, mas eles acharam que ela devia mesmo era chamar um psiquiatra.

 fonte da imagem: https://www.google.com.br/

Ninguém via ou acreditava nela, era como se ela visse um fantasma.  Ela mesma teria que enfrentar a pessoa que estava se escondendo ali.  Foi até a cozinha, seu gato apenas acompanhava cada movimento dela com o olhar, parecia que também estava achando que ela ficara louca, pegou duas facas e foi corajosamente até o quarto. Respirou fundo, deu um impulso e saiu correndo em direção ao espelho gritando como uma guerreira em combate.
Bateu com a faca no espelho e parou, como num choque, ficou paralisada.
E ali, em meio às pequenas rachaduras que se formaram, viu que a mulher era o seu próprio reflexo. Ela enfrentou barreiras, a reconstrução foi dolorosa, mas a renovação se tornou grandiosa. Se encontrou.
Nunca foi tão bom me olhar no espelho, apesar do espanto de como foi tão rápido, me sinto bem, essa era a mudança que queria ver – pensou, com um sorriso largo no rosto.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Silenciando você


Talvez eu fique calada e não diga nada. Aguardando o fim, o abandono e depois permaneça estendida por um tempo até que eu veja algo que me levante de novo.  Mas calada, sem pedir socorro, sem dizer onde dói ou porque dói, só pra continuar mostrando que eu ainda consigo ser auto-suficiente, exalando meu orgulho e covardia.
Ou talvez eu (me)surpreenda e te diga tudo, do inicio ao fim, com detalhes que eu tenho escondido de você há muito tempo. Os detalhes seus que eu gravei tão dentro de mim que podem ter virado uma caixa de pandora, muitos males se encontrando lá. Os males de gostar de uma forma tão intensa de você que pode me abater. Por isso ainda guardo, afinal, acho que nem você esteja preparado pra ouvir o barulho que a caixa vai fazer quando se abrir.
Porque eu tô te querendo cada vez mais e mais, me nutri de cada palavra sua, cada sinal que eu me prometi nunca mais enxergar. Mas agora você está indo cada vez mais longe de mim, todas as maiores chances que eu tinha parecem estar correndo enquanto eu as persigo com o meu caminhar mais lento, já que me falta otimismo pra ser mais rápida.     
E continuo sem te contar nada, fingindo que está tudo bem se você for e me deixar sem ao menos se despedir. Aguardando o fim, vendo você ir. Emudeço. Silencio você em mim. 

 fonte da imagem: http://weheartit.com/