segunda-feira, 23 de julho de 2012

Então a gente ri...


Ele beija a ponta do meu nariz, contorna meu rosto com os dedos e toca meus lábios com aquele jeito de você-me-ganhou-garota-sou-todinho-seu.  Acordo do lado dele com resquícios de maquiagem, bem estilo panda com o rímel da noite passada, e ele repete baixinho: - linda, tão linda... - Minha cara é aquela típica que ele vive falando, aquela que é como se eu dissesse “ata, vou fingir que acredito em você.”.  Os olhos dele me olham e brilham.

- Como eu vim parar aqui com você? Quando foi que isso aconteceu?

- Sei lá, acho que a gente bebeu muito a noite passada... Qual é o seu nome mesmo? –Brinco, olhando séria pra ele. Então a gente ri, ri porque nossas risadas combinam, ri dessa coisa patética que inunda o coração, ri desse sentimento que deita e rola na cama junto com a gente. A gente ri do bobo do amor.

Fonte da imagem: http://migre.me/a0mdt

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Tudo bem, eu te amo. A gente pode pedir uma pizza.


Sento em cima da bancada da cozinha e o observo fazer o almoço, esse é um dos poucos momentos em que vejo esse cara desastrado ficar mesmo concentrado. Assobiando e jogando sorrisos pra mim, eu só o olho com cara de sapeca desejando ele e ao mesmo tempo duvidando que nada sairá errado com a comida. Parece que ele também está feliz por estarmos ali. O apartamento dele parece estar mais escuro hoje, mas os castanhos olhos dele estão mais iluminados. Parece mesmo que, dessa vez, nada sairá errado. Nem com a comida, nem com a gente. Porque eu posso me ver junto desse homem, juntando histórias, trapos e retratos com ele. Ele me desperta sentimentos terrivelmente inocentes, tipo o amor. Ele me envolve num romance e eu sinto que não morrerei no final e que o nosso para sempre pode acabar, mas depois a gente recomeça de novo.  Não faço declarações para ele, mas ambos sabemos que todas as declarações estão entre a gente.  

E da forma mais livre que nós podemos ser, nós nos prendemos, um no outro, sem querer sair. É estranho, mas é real. E parece que não vai se dissipar como a fumaça que sai da panela onde ele está preparando a comida. 

Cantando Everything – e imitando da pior e mais fofa forma o Michael Bublé – ele se aproxima e eu me sinto dançar quando ele começa a cantar ao pé do meu ouvido.  Me envolvo com o cheiro dele e com o cheiro que sai da panela, mas o dele com certeza é o melhor.  Ele tem cheiro de inverno acolhedor. Me acolhendo. Me aquecendo. 

- Você vai deixar a comida queimar – Digo sorrindo e mordendo o lábio. Ele faz que não com a cabeça e me beija. E Então, o mundo é inteirinho nosso e eu mergulho em amor. Mergulho numa formidável alma, a alma dele. O sabor dele é de doce sem frescuras, aqueles doces simples que a gente nunca deixa de gostar. Ele tem sabor de brigadeiro, eu acho.       
  
- A comida tá queimando – exclamei, me soltando dele após notar o cheiro de queimado, ainda meio abobada depois de ficar por vários minutos envolvida naqueles braços. 

- Tudo bem, eu te amo. A gente pode pedir uma pizza. – Diz ele, colocando na frase três palavras envolventes e declaradoras. Sem saber se sorrio ou finjo não notar o que ele disse eu continuo olhando pros olhos dele, depois pra boca e assim sucessivamente, buscando simples palavras. Daqui a pouco a casa pode pegar fogo e ainda não nos soltamos. 

- É, acho que a gente pode pedir uma pizza. Eu também te amo. – Esquecemos que a maioria das pizzarias não entregam na hora do almoço. Tudo bem, a gente se ama. 

fonte da imagem: http://weheartit.com/

domingo, 8 de julho de 2012

A mentira que mata, a verdade que ressuscita


Alguns morrem em busca da verdade, outros pelas mentiras que criam.” (Frase dita por um personagem da novela ‘Amor Eterno Amor’)

Pernas curtas, nariz avantajado. Que modelo mais horrível essa que desfila por entre bocas vaidosas que tentam se esconder. A modelo que também é atriz, nas horas vagas é serial killer. A forma como ela mata é ardilosa, rasga entranhas, coração e aniquila uma confiança. Mas a coitadinha é só um fantoche na mente e boca de seres de carne e osso, ela é só a definição das palavras que se unem para criá-la. É a Mentira, aquela que define o falso, o inverso, a estrela da passarela de quem dirige a nova criação de uma história.
Tem gente que a dirige muito bem, parecendo quase um dom ou uma inocência. Utilizam artifícios, efeitos especiais e maquiagem pra esconder. E matam em série, nem aí para as vítimas que se formam no caminho. Mas uma hora a mentira/o diretor é pega(o) e ninguém fica para velar esse tipo de corpo.   
É, tem pessoas que morrem pelas mentiras que criam. Porque criam da mesma forma que respiram, da mesma forma que dormem. E fecham os olhos sem peso, não pesa o lado da cama, nem da consciência. Sono tranquilo, como se as mentiras fossem de criança. Mas elas morrem de uma forma ou de outra. Morrem nos corações que um dia acreditaram nas palavras, morrem junto com a confiança, morrem nas leis do pecado, lei divina ou universal.... No que vocês acreditarem. E essas pessoas acabam matando a própria alma também.
Então, que doa, que sintam machucar mesmo, mas optem  por ouvir e buscar a verdade, a sua e a alheia. Vista toda ela e, se necessário, morram por elas. Porque ela pode ferir, mas ela também estende a mão. Te mata, mas te salva. Te ressuscita.

domingo, 1 de julho de 2012

O meu segredo


Você é meu jogo e dessa vez é a rainha que manda nesse xadrez. Não me conte muito da sua vida, não quero que saiba muito da minha também. Nada de perguntas, só enigmas. Quero me perturbar no teu mistério mais profundo, no teu veneno mais ardente, porque eu não ando muito doce e hoje, aqui com você, prefiro que algo borbulhe, invés de ficar doce demais e acabar me enojando. Então, pega uma bebida bem forte e meus cigarros que deixei em cima do criado-mudo, e se reclamar da fumaça pode segurar a maçaneta da porta e nunca mais sonhar em ver meus olhos; os olhos que tenta tanto analisar.
Você reclama que eu te derrubo das nuvens pro chão em segundos, eu digo que o chão é o lugar mais seguro. E continua reclamando que queria fazer parte da minha vida e não de meros momentos, faço sinal pra você não falar mais porque todo esse barulho tá me deixando de ressaca.
Te reviro, te perturbo e me pergunto como ainda consegue ficar aqui, passando a mão nos meus cabelos e beijando meu pescoço.
Moço dos olhos claros, cabelos dourados e mãos firmes; não me olha assim pedindo pra ser revelado. Esse sentido oculto que rola no chão junto com a gente é o que faz toda a diferença, então deixa assim.
Não conte a ninguém, mas te escondo porque a poesia em segredo é muito mais bela. Não quero te dividir com ninguém e sem o meu segredo, a vida é um marasmo só.

fonte da imagem: http://weheartit.com/ 

“- Eu não serei o seu segredo.
- Eu sei guardar segredos muito bem.”
(autor desconhecido)